terça-feira, 1 de julho de 2014

SOCIOPOETICA: POR UM MORRO DE LUZ

SOCIOPOETICA: POR UM MORRO DE LUZ

Bernadete Florentina de Lara



“A intervenção urbana possui características tais como a interatividade, heterogeneidade, multiplicidade, hibridismo das formas e de linguagens.” (Cibercultura, cidade e singularidades Maria Thereza Azevedo)



Enquanto Cuiabá capital de Mato Grosso se preparava para receber turistas nos jogos da Copa do Mundo em 2014, o Parque Antônio Pires de Campos, mais conhecido como Morro da Luz, situado bem no Centro da cidade, continuava sem nenhuma visibilidade! É necessário sim, arrumar a casa para receber visitas, porem não só por isso, pois os donos da casa também gostam e é salutar um espaço arejado para viver. Nesse contexto, a disciplina “Tópicos Especiais em Poéticas Contemporâneas”, com a participação de 20 mestrandos do ECCO – Mestrado em Estudos de Cultura Contemporânea da UFMT, sob a orientação da Profª Dra. Maria Thereza e em parceria com o Coletivo à Deriva, realizou uma intervenção urbana para que de certa forma chamasse a atenção para o “Morro da Luz”, até então sem luz. O evento foi planejado para o dia 20 de maio de 2014, ao entardecer e nós participantes nos mobilizamos nas aulas da disciplina acima citada e pela “Mídia Ninja”.
Para o evento nos vestimos a maioria com roupas na cor escura, todos com lanternas e outros aparelhos luminosos. A concentração iniciou-se às 16 horas, próximo ao globo situado em uma das subidas do Morro. Com a presença do Coletivo à Deriva no local, percebeu-se a inquietação dos “ocupantes” mais assíduos do Parque, os que aproveitam das brechas do poder público para se apossar de vez desse território e deixar rastros de destruição no ambiente, matam a imaginação e privam de lazer parte da sociedade que gostaria de frequentar esse espaço. Por isso, é necessário que se promovam ações que vislumbrem a ocupação do lugar por outros membros da sociedade e, que agreguem valores positivos, digno de ser cartão postal na cidade. Um espaço com rica beleza, abrigando flora nativa exuberante, temperatura amena em relação ao centro da cidade, um território que certamente, no passado encheu os olhos de colonizadores. Não somente pelo ouro ali encontrado, denominado de Lavras do Sutil, acredito tembem que fosse um ponto estratégico, devido altitude e localização.

Imagens que flagrei pouco antes do anoitecer

Isso é o que temos


Houve uma tentativa de limpar o ambiente naquele dia para o evento, porem o lixo ficou com mais evidencia, pois foi levado para o meio da Praça Zé Bolo Flor, onde seria o ponto alto de nossa performance.


A maioria da população se priva de frequentar esse território, devido ao medo, há os que se apoderam do lugar, pois sabem que lá ficam sem punição, é lugar seguro para eles. Em que momento, a fragilidade do poder público cedeu espaço à ocupação do Morro da Luz somente por pessoas que oferecem medo e insegurança?  
Na intenção de fazer algo de concreto para iluminar o Morro e chamar atenção do poder público, a sensibilizar-se com o problema social existente, uma intervenção do Coletivo à Deriva foi realizada.




A seguir, uma descrição poética de uma mestranda participante, Terezinha do Nascimento Souza para ilustrar alguns registros fotográficos:




 “Fotografamos e filmamos tudo, recitamos poesias conhecidas, criamos outras e as dissemos aos quatro cantos delimitados do cenário da praça de solo acolhedor. E no espaço celestial sem fim, tudo perpassou as árvores cúmplices que naquele momento captavam e guardavam novos segredos, juntando-os aos antigos, na sua imensa solidão noturna.” (Terezinha do Nascimento Souza)
Uma pequena exposição do que queremos






REFERÊNCIA
AZEVEDO, Maria Thereza. Cibercultura, Cidade e singularidade.  São Paulo, CONFIBERCOM, 2011. (http://confibercom.org/anais2011/pdf/237)
SOUZA, Terezinha do Nascimento. Intervenção urbana: Uma experiência vivida – Cuiabá 20 de maio de 2014-07-01

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mídia_Ninja

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Coletivo à Deriva apresenta: Morro de Luz

O grupo Coletivo à Deriva realizará na próxima terça-feira, 20, às 17h, a performance urbana coletiva Morro de Luz, no Morro da Luz, em Cuiabá. A performance será realizada pela Profª. Dra. Maria Thereza juntamente com os mestrandos do Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO) da UFMT ligada à disciplina de Poéticas Contemporâneas.  A participação é livre para quem se interessar. 

Para os interessados é recomendado que cada participante leve uma lanterna, pois o objetivo é iluminarmos o Morro para que ele se torne "de Luz"; e que usem roupas escuras.

Qualquer expressão artística é permitida e bem-vinda. Preparem os poemas, os malabares, o violão e as LANTERNAS


Link do evento no Facebook: 
https://www.facebook.com/events/759647364060038/
Confirme presença e convide seus contatos. 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Conheça o Morro da Luz

MORRO DA LUZ 

O morro da luz denominado parque Antonio Pires de Campos foi tombado como patrimônio Histórico municipal pelo decreto de lei nº 870 de 13.12.1983, homenageando o filho do bandeirante Manoel de Campos Bicudo, um dos primeiros desbravadores a atingir o local, e devido à existência naquela área elevada de uma pequena casinha, a subestação da usina de casca I, que fazia a distribuição da energia, e 
inaugurada em 1928, também ficou conhecida como morro da luz. 

O morro da luz, possuidor de atributos ambientais que reforçam o sentido de lugar para as pessoas e traçam vínculos de conhecimento e de efetividade com a relação à paisagem, torna-se um importante fator que auxilia a medir a qualidade ambiental da cidade de Cuiabá (COSTA et al, 1999). 
 Sua temperatura é em média de 3 a 4º C menor do que no centro de Cuiabá. É exatamente na região da Prainha que existem as ilhas de calor, bolsões de ar quente que ficam espremidos entre as construções urbanas e retêm o calor em uma microrregião. Constitui-se em um fator amenizador bastante relevante para o Morro da Luz (COSTA, et al, 1999). 

Morro da Luz faz parte da formação da cultura popular de nossa Cuiabá, a seguir algumas informações sobre os personagens que deram nome as trilhas e praças do parque, onde essas informações foram retiradas de uma placa de identificação:  

Trilha: Maria Taquara: Trajava-se de calça comprida, à época vestimenta raramente usada por mulheres e sempre era vista equilibrando um feixe de lenha sobre a cabeça. 

Trilha Tufica : Costumava contar histórias as crianças que dirigiam-se ao cine teatro Cuiabá, onde era sempre encontrado, estendendo o seu chapéu objetivando pequenas contribuições financeiras. 

Praça Zé bolo flor: compositor e cantor que exibia os seus shows em praças e feiras, recebendo uma pequena contribuição financeira. 

Trilha Michidinha : fanático torcedor do Dom Bosco que ia aos jogos com as cores do clube, detalhes azul e branco no vestuário e costumava requebrar ao escutar o seu apelido. 

Trilha Juvenal Capador: figura popular que quando chamado pelo apelido, se irritava e ameaçava as pessoas. Trilha Plínio Rait: simpático garçom que trajava-se impecavelmente e costumava cumprimentar as pessoas com a expressão “ o rait “ . 

Praça João Cuíca : ator principal das peças dirigidas pelo Pe. Pombo no colégio dos padres ( São Gonçalo) e durante a sua vida sempre festejou o seu tradicional “ São João de João Cuíca “. 

Trilha Maria perna grossa: famosa cartomante e benzedeira que tinha esse apelido por sofrer de elefantíase. 
 Praça Cobra fumando : famoso cambista de loteria federal única a época, apresentava-se sempre com um cigarro no canto de boca oferecendo os seus bilhetes com os braços e mãos trêmulos, usando a expressão “ cobra veado” . 

Trilha Guaporé : figura popular de pequena estatura que era sempre encontrado sentado à porta da antiga agência do banco do Brasil com um cigarro a boca (palheiro), era guarda noturno do antigo hotel Pércora e costumava informar as moças sobre os aviadores viajantes que chegava a cidade. 

Trilha General Saco: Lunático que usava barbas longas, sempre trajava um capote preto comprido e declarava que as pessoas queriam matá-lo, costumava se esconder quando ouvia barulho de avião. 

Trilha Chico Alicate: Lunático que criou uma mulher fantasia em seu consciente de nome “Lourdes “ e costumava se deslocar para qualquer ponto da cidade quando recebia informações de que “Lourdes ” encontrava-se em determinado local. 

Praça Preta: Costumava freqüentar a praça Alencastro onde alegrava as crianças, cantando os “contos de roda”. 

Trilha Hélio Goiaba: Famoso compositor de musicas carnavalescas como “ quer tocar, toca”, “ oh! Rosa” etc. 

Praça Antonio Peteté: figura popular de pequena estatura e bastante religiosa, tendo sempre as mãos, leque, terço e um livro de rezas. 

A seguir as principais espécies de arbóreas encontradas no morro: 

Gonçaleiro, fam: anacardiaceae: Astronium fraxinifolium Schott e Spreng 
Bocaiúva, Fam.: arecaceae: Acrocomia aculeata ( Jacq ) lodd ex Mart 
Farinheira, Fam.: mimosaceae: Albizia hasslerii 
Pata de vaca, Fam.: caesalpiniaceae: Bauhinia sp. 
Gabiroba, Fam.: Myrtaceae: Campomanesia eugenioides ( Cambess ) O. Berg Embaúba, Fam.: Cecropia pachystachya Trécul 
Pé-de-anta, Fam.: bignoniaceae: Cibystax anticifilitica ( Lam. ) Mart. 
Louro, Fam.:boraginaceae Cordia glabrata ( Mart.) DC. 
Lixeira, Fam.: dilleniaceae: Curatella americana L 
Falso barbatimão, Fam.: mimosaceae: Dimorphandra mollis Benth 
Guatambu, Fam.: apocynaceae: Aspidosperma australe Mull. Arg. 
Pé-de-perdiz, Fam.: simaroubaceae: Simarouba versicolor A. St. Hill 
 Jatobá, Fam.: caesalpiniaceae: Hymenaea stigonocarpa ( Mart.) Hayne 
Folha-de-serra, Fam.: ochnaceae: Ouratea castanaefolia Engl. 
Pitomba, Fam.: sapindaceae: Talisia esculenta ( A.St. Hill ) Radlk 
Ipê roxo, Fam.: bignoniaceae: Tabebuia impetiginosa ( Mart. Ex DC.) Standl. 
Ipê amarelo, Fam.: bignoniaceae: Tabebuia ochraceae ( Chamb.) Standl 
Ipê branco, Fam.: bignoniaceae: Tabebuia róseo-alba ( Ridl ) Sandwith 
Pimenta de macaco, Fam.: annonaceae: Xylopia aromatica ( Lamb. ) Mart. 
 Jacarandá, Fam.: bignoniaceae: Jacaranda mimosaefolia 
Sete cascas, Fam.: mimosaceae: Samanea tubulosa ( Benth ) Barneby e Jw. Grimes 
Jenipapo, Fam.: rubiaceae: Genipa americana L. 



fonte: http://www.cuiaba.mt.gov.br/upload/arquivo/morro_da_luz.pdf

Morro da Luz - Cuiabá - MT



Desvio Coletivo: Cegos (SP)


Instalação Cidade Reinventada do Coletivo à Deriva - Prêmio Salão Jovem Arte Centro-Oeste




O Lamento da Imperatriz (de Pina Baush)