SOCIOPOETICA: POR UM MORRO DE LUZ
Bernadete Florentina de Lara
“A
intervenção urbana possui características tais como a interatividade,
heterogeneidade, multiplicidade, hibridismo das formas e de linguagens.” (Cibercultura, cidade e singularidades Maria Thereza Azevedo)
Enquanto
Cuiabá capital de Mato Grosso se preparava para receber turistas nos jogos da
Copa do Mundo em 2014, o Parque
Antônio Pires de Campos, mais conhecido como Morro da Luz, situado bem no
Centro da cidade, continuava sem nenhuma visibilidade! É necessário
sim, arrumar a casa para receber visitas, porem não só por isso, pois os donos
da casa também gostam e é salutar um espaço arejado para viver. Nesse contexto,
a disciplina “Tópicos Especiais
em Poéticas Contemporâneas”, com a participação de 20 mestrandos do ECCO –
Mestrado em Estudos de Cultura Contemporânea da UFMT, sob a orientação da Profª Dra. Maria Thereza e em
parceria com o Coletivo à Deriva, realizou uma intervenção
urbana para que de certa forma chamasse a atenção para o “Morro da Luz”, até
então sem luz. O evento foi planejado para o dia 20 de maio de 2014, ao
entardecer e nós participantes nos mobilizamos nas aulas da disciplina acima
citada e pela “Mídia Ninja”.
Para o evento
nos vestimos a maioria com roupas na cor escura, todos com lanternas e outros
aparelhos luminosos. A concentração iniciou-se às 16 horas, próximo ao globo
situado em uma das subidas do Morro. Com a presença do Coletivo à Deriva no
local, percebeu-se a inquietação dos “ocupantes” mais assíduos do Parque, os
que aproveitam das brechas do poder público para se apossar de vez desse
território e deixar rastros de destruição no ambiente, matam a imaginação e privam
de lazer parte da sociedade que gostaria de frequentar esse espaço. Por isso, é
necessário que se promovam ações que vislumbrem a ocupação do lugar por outros
membros da sociedade e, que agreguem valores positivos, digno de ser cartão
postal na cidade. Um espaço com rica beleza, abrigando flora nativa exuberante,
temperatura amena em relação ao centro da cidade, um território que certamente,
no passado encheu os olhos de colonizadores. Não somente pelo ouro ali
encontrado, denominado de Lavras do Sutil, acredito tembem que fosse um ponto
estratégico, devido altitude e localização.
Imagens
que flagrei pouco antes do anoitecer
Isso é o que temos
Houve uma tentativa de limpar o ambiente naquele dia para o evento, porem o lixo ficou com mais evidencia, pois foi levado para o meio da Praça Zé Bolo Flor, onde seria o ponto alto de nossa performance.
A maioria da população se priva de frequentar esse território, devido ao medo, há os que se apoderam do lugar, pois sabem que lá ficam sem punição, é lugar seguro para eles. Em que momento, a fragilidade do poder público cedeu espaço à ocupação do Morro da Luz somente por pessoas que oferecem medo e insegurança?
Na intenção de fazer algo de concreto para iluminar o Morro e chamar atenção do poder público, a sensibilizar-se com o problema social existente, uma intervenção do Coletivo à Deriva foi realizada.
A seguir, uma descrição poética de uma mestranda participante,
Terezinha do Nascimento Souza
para ilustrar alguns registros fotográficos:
“Fotografamos e filmamos tudo, recitamos poesias conhecidas, criamos
outras e as dissemos aos quatro cantos delimitados do cenário da praça de solo
acolhedor. E no espaço celestial sem fim, tudo perpassou as árvores cúmplices
que naquele momento captavam e guardavam novos segredos, juntando-os aos
antigos, na sua imensa solidão noturna.” (Terezinha do
Nascimento Souza)
Uma pequena exposição do que queremos
REFERÊNCIA
AZEVEDO, Maria
Thereza. Cibercultura, Cidade e singularidade. São Paulo, CONFIBERCOM, 2011.
(http://confibercom.org/anais2011/pdf/237)
SOUZA,
Terezinha do Nascimento. Intervenção urbana: Uma experiência vivida – Cuiabá 20 de maio de 2014-07-01
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mídia_Ninja